quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

PARA REFLETIR...

QUINTA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2013 É preciso reencantar o mundo: três garfadas para ter certeza! Jackislandy Meira de M. Silva É muito sugestivo iniciar essa discussão com a tão ouvida música de Chico Buarque: “Todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã. Me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã.” (Chico Buarque, cotidiano, 1971). É preciso fazer as coisas como se as tivéssemos fazendo pela primeira vez. Não é necessário fazê-las do mesmo jeito ou da mesma maneira, mas fazê-las a seu modo. Aí me lembro de Heidegger quando afirmou em “Ser e Tempo” o não dizer o mesmo sobre a mesma coisa não implica em trair o ser, mas assumir o mesmo ser de outra perspectiva. Certa vez, numa conversa informal de ambiente de jantar, surge uma conversa. repleta de ironias; verdades e inverdades iam e vinham em volta da mesa cujo desfecho era sempre inusitado com gargalhadas e alguns goles de vinho em meio a garfadas e mais garfadas de comidas. Logo na primeira garfada, alguém toma a palavra: “o mundo foi encantado. As primeiras civilizações acreditavam na magia. Recorriam às potestades irracionais. O mundo era regido por forças atuantes, deuses, relâmpagos misteriosos e trevas. Os sacerdotes, feiticeiros, xamãs e outros videntes faziam o papel de telégrafos entre deuses e humanos. Mundo mágico, poético, mitológico, e super-romântico!” O papo realmente vai ficando apimentado pela magia, até que... Vem a segunda garfada... “O mundo foi desencantado. Assim que os fiéis rechaçaram a magia, qualificada de superstição, o desencantamento adveio. No início, os profetas judeus abalaram o poder dos sacerdotes ao estabelecer uma relação pessoal com o Todo-Poderoso. A magia não era mais uma técnica de salvação. Assim, passou a prevalecer a relação individual e solitária com Deus. Ninguém precisava mais de padre para absolver, para promover a redenção e a esperança de misericórdia. Essa atitude espiritual estendeu-se a todo o universo humano. A partir do século XVIII, o cristianismo serviu apenas como peneira. Religião menos sagrada, mais doce e mais humana, ela teria desembocado numa moral sem Deus, nova religião dos direitos humanos identificada com a construção do ideal democrático. Tudo está ligado: secularização e espírito democrático, economia capitalista e racionalização do real. O homem, a sós consigo mesmo, precisava apenas se virar, construir, sem padres, príncipes ou magos, seu próprio futuro. Tarefa pesada”. Quando tudo parecia complicado demais, e o homem envergando-se cada vez mais sobre si mesmo ao ponto de nos indicar um desprendimento de Deus para um apego a si... Tome uma terceira garfada, desta vez de torta de creme: PRECISAMOS REENCANTAR O MUNDO! “Polvilhar nele um pouco de magia. O indivíduo contemporâneo chegou ao fim de sua autonomia. Por acreditar apenas em suas próprias forças, destruiu seu planeta e não suporta mais seus semelhantes. Sente saudade das religiões, que o ajudam a pensar e a viver. Quer se volte para o budismo, a jardinagem, a leitura de Paulo Coelho ou o Código Da Vinci, ele exprime uma necessidade de reencantamento. Trata-se de reencantar o mundo sem voltar à superstição ou ao mero fanatismo”.

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